segunda-feira, 30 de junho de 2008

Serra e Aécio - Quem perde, quem ganha

Por Ricardo Noblat
O governador José Serra perdeu com a decisão da maioria do PSDB de apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin a prefeito de São Paulo. O candidato dele era - e continua sendo - o atual prefeito Gilberto Kassab, do DEM.

O governador Aécio Neves perdeu com o veto da direção nacional do PT à aliança do PT mineiro com o PSDB em torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB) a prefeito de Belo Horizonte.
Lacerda foi secretário do governo Aécio. O PT indicou o candidato a vice dele.


Aécio foi obrigado a engolir o apoio informal do PSDB ao candidato que ele mesmo escolhera de comum acordo com o prefeito Fernando Pimentel, do PT.

PT e PSDB disputarão juntos eleições em várias cidades - em Belo Horizonte, não, porque o PT temia que uma aliança oficial enchesse a bola de Aécio, aspirante a candidato do seu partido à sucessão de Lula.

À primeira vista, a derrota política de Aécio é maior do que a de Serra. Mas a eleição de Lacerda é certa em Belo Horizonte - a de Kassab em São Paulo ainda não.

Ao fim e ao cabo, Aécio tem mais condições de sair vencedor do que Serra, que perderá caso Alckmin se eleja ou Marta Suplicy, candidata do PT

domingo, 29 de junho de 2008

De volta aos partidos

Por Marcos Coimbra
"Não é hora de festejar a retomada de uma vida partidária intensa ou o enraizamento dos partidos que temos, mas também não há motivos para insistir no argumento de que nossos partidos simplesmente inexistem"

Contrariando o senso comum, os partidos estão voltando com força ao centro das discussões políticas brasileiras. Muita gente costuma pensar o inverso, que eles estariam se deteriorando dia a dia, mas não é isso que vemos.

Seja quando consideramos resultados de pesquisas de opinião, seja ao acompanhar o noticiário político, temos evidências dessa mudança. Não é hora de festejar a retomada de uma vida partidária intensa ou o enraizamento dos partidos que temos, mas também não há motivos para insistir no argumento de que nossos partidos simplesmente inexistem.


As informações de que dispomos sobre como se estruturavam as identidades partidárias em outros momentos de nossa história são escassas. Conhecemos os resultados eleitorais e os comportamentos dos políticos eleitos, mas não sabemos como as pessoas comuns se relacionavam com os partidos e o tamanho da “base social” de cada um.

Na República Velha, sequer faz sentido discutir a questão, tão restritivo era o sistema de representação. Os partidos existentes pareciam-se mais com clubes, nos quais as oligarquias mandavam e pouquíssimos participavam. O povo não votava e nada tinha a ver com essas organizações.

Entre 1945 e 1964, nasceu e se consolidou aquela que muitos consideram a única experiência real que tivemos de vida partidária. Saudosismo à parte, foi mesmo um período em que os partidos assumiram lugar central em nosso sistema político e em nossa cultura. Quem viveu ou tem referências sobre a época, se lembrará quão relevante era saber a qual partido alguém pertencia, para poder localizá-lo socialmente: “Sua família é udenista? PSD? PTB? Outro partido?”. Muita coisa podia depender da resposta, uma amizade, um negócio, até um casamento.

Em que pese essa importância, ninguém sabe a proporção de pessoas que se identificavam com um ou outro daqueles partidos. Ignoramos, também, quantos eram os que não simpatizavam com nenhum.

O fato é que o golpe militar de 1964 acabou com esses partidos e todo o processo de formação de identidades políticas que se desenvolvia em torno deles. No bipartidarismo artificial que impuseram, os ideólogos do autoritarismo achavam que estavam criando as bases de um sistema partidário “mais autêntico”. O resultado foi o oposto.

O mais grave é que identidades políticas não se formam da noite para o dia e o que foi destruído levou décadas para começar a se reorganizar. Sepultados a velha Arena e o MDB faz 25 anos, estamos desde então criando uma nova estrutura partidária, dificultada pela volatilidade institucional e jurídica que cerca o tema.

Assim, quando vemos pesquisas de opinião recentes, o que chama a atenção não é quão pequena, mas quão grande é a proporção de pessoas que se identificam com algum partido. Se lembrarmos que nossos partidos são todos jovens, que nossa legislação permite seu artificialismo (quando não o encoraja), que muitos de nossos políticos primam por dar exemplos de descrença nos partidos, a surpresa é ver que perto da metade dos cidadãos brasileiros diz se identificar com um. Este mês, a Vox Populi realizou pesquisa nacional que mostrou que 46% dos entrevistados simpatizavam com pelo menos um partido. Desses, o PT é, de longe, o maior, com 25% do total, recuperando o nível que alcançou após a primeira eleição de Lula, depois de haver caído muito em 2005, por causa do mensalão.

Nos Estados Unidos, com mais de 200 anos de democracia estável, a proporção de eleitores que não se identifica com nenhum partido (lá chamados “independentes”) é de cerca de 35%. Considerando tudo, até que nossa situação não é tão ruim. Imagina se nosso sistema político favorecesse a formação dessas identidades!

Maria do Carmo Lara lidera em Betim

Fonte Estado de Minas
A deputada federal Maria do Carmo Lara (PT) lidera a disputa pela Prefeitura de Betim com 39% das intenções de voto, seguida pelo deputado estadual Rômulo Veneroso (PV) com 26%; que é o candidato do atual prefeito Carlaile Pedrosa (PV). Com 6% das intenções de voto estão empatados o deputado estadual Ivair Nogueira (PMDB) e o vereador Alex Amaral (PDT). O vereador Geraldo Pimenta (PCdo B) tem 3%. É o que mostra pesquisa Vox Populi feita entre os dias 31 de maio e 2 de junho no município. Foram ouvidas 1.023 pessoas, e a margem de erro é de 3,1%.

Estimulada Se a eleição para prefeito de Betim fosse hoje e os candidatos fossem estes, em quem você votaria ? •
Maria do Carmo Lara (PT) 39%
• Rômulo Veneroso (PV) 26% • Ivair Nogueira (PMDB) 6%
• Alex Amaral (PDT) 6% •
Geraldo Pimenta (PCdoB) 3%
• Ninguém/Branco/Nulo 8% •
Não sabe ou não respondeu 11

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Deu na imprensa!

Mais de 3 mil na lista suja do TCU - fonte Estado de Minas
Relação entregue ao Tribunal Superior Eleitoral inclui, além de prefeitos, secretários e ministros que tiveram suas contas rejeitadas e podem ser impedidos de disputar a eleição

O Tribunal de Contas da União (TCU) entregou ontem ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a relação com o nome de 3.241 maus gestores do dinheiro público. A lista inclui os responsáveis por contas julgadas irregulares o que os torna inelegíveis. Grande parte ocupa ou ocupou o cargo de prefeito (1.757). Engrossam a lista também vereadores, servidores públicos, secretários municipais até o ministro do Trabalho do governo Collor Antônio Rogério Magri.


Superintendentes e diretores de instituições públicas como bancos e empresas estatais também estão na relação do tribunal. Com os dados do TCU, a Justiça Eleitoral pode impugnar as candidaturas dos gestores citados, impossibilitando a eleição do político em 5 de outubro. Em Minas, foram 218 condenados.

O estado ocupa a terceira posição no ranking, perdendo para o Distrito Federal (290) e a Bahia (283). Entre os mineiros que podem ser impedidos de disputar as eleições municipais estão o ex-prefeito de Ipatinga Chico Ferramenta; de Sete Lagoas, Marcelo Cece Vasconcelos de Oliveira; de Ribeirão das Neves, Maria das Graças de Oliveira Almeida, a Gracinha Barbosa. O ex-deputado Luiz Antônio Zanto Campos Borges também teve suas contas julgadas irregulares. O balanço do TCU contém 4.840 processos de condenações.

O número é bem maior do que o de condenados, já que em alguns casos a mesma pessoa respondeu a mais de um processo, como a ex-servidora do Ministério da Fazenda Teresinha do Carmo Araújo, que têm 18 processos. Ela e outros quatro servidores são suspeitos de participar de um esquema que concedia pensões irregulares na capital paulista, entre 1993 e 1998.

Em fevereiro do ano passado, o tribunal condenou Teresinha e outros servidores ao afastamento das funções e o recolhimento dos prejuízos, que segundo a Procuradoria da União chegam a R$ 21 milhões, aos cofres públicos.

Em alguns estados, como a Bahia, o número de processos (488) é quase o dobro de condenados (283). No Maranhão, a situação também se repete com 409 processos e 206 condenados. Três maranhenses juntos têm 33 processos. Em Minas, o número de processos não sofreu tantas alterações se comparado ao de condenados. São 295 contas julgadas irregulares pelo tribunal.

O levantamento do TCU inclui dados completos dos gestores, como nome, município, estado, o órgão e o número da decisão que o condenou. As informações são referentes aos gastos dos últimos cinco anos. Para a elaboração da lista, o tribunal utilizou informações do cadastro de contas julgadas irregulares (Cadirreg) do próprio TCU.

Esse cadastro reúne o nome de todas as pessoas, físicas ou jurídicas, vivas ou mortas, que ocupam ou não cargo público, mas que já tiveram suas contas julgadas irregulares pelo TCU. De acordo com o tribunal, os candidatos às eleições de outubro têm até 5 de julho para apresentar documentos referentes às contas analisada para tentar regularizar sua situação, caso decidam disputar as eleições municipais.

Como a eleição, em primeiro turno, será em 5 de outubro, foram julgadas as contas no período compreendido entre 6 de outubro de 2003 e 5 de outubro de 2008. A assessoria do TCU informou ainda que a exclusão de nomes é automática, conforme o enquadramento ou não nos critérios legais. Não há necessidade de solicitar exclusão de nomes da lista. A relação será atualizada até 31 de dezembro, levando em conta recursos com efeito suspensivo e a inclusões de novos nomes, caso haja condenações após a divulgação dessa primeira lista.

A lista completa, que foi entregue pelo presidente do TCU , ministro Walton Alencar Rodrigues ao presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, pode ser conferida no site do TCU: www.tcu.gov.br.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Um time sensacional

Por - Roger Dias
Momentos mágicos da Copa do Mundo de 1958

Comemorar cinqüenta anos do primeiro título mundial da Seleção Brasileira de Futebol não é algo tão simples assim. É preciso ressaltar profundamente a mudança profunda acarretada pela inovação dessa geração que se tornou famosa pela primeira vez. Significou o nascimento do futebol moderno, arrasador, empolgante, de belas jogadas e gols.

Ganhar na Suécia não foi especial somente pelo fato de um país sul-americano conquistar uma Copa do Mundo jogando na Europa. Isso foi importante, porém vale lembrar que os uruguaios conquistaram duas medalhas de ouro em Olimpíadas disputadas no Velho Continente, em 1924 e 1928.

Além disso, foi a primeira Copa do Mundo realmente representativa e disputada. Não havia um favorito claro como ocorreu nas cinco anteriores. O excelente time húngaro de 1954, por exemplo, se dissolveu e jamais teve a mesma força. A Itália caiu nas eliminatórias européias e a Alemanha enfrentava uma reformulação em sua seleção. A Argentina possuía um time fraco no momento e os uruguaios não se classificaram para a Copa.

É óbvio que o Brasil não era um dos favoritos. As campanhas de 1938 e 1950 realmente chamaram a atenção, mas a própria perda do título mundial em casa e a derrota para a Hungria por 4 a 2 em 1954 – em um jogo marcado pelas brigas e expulsões – tiraram o brilho de uma seleção que se formava naquele momento, sob o comando e a liderança do técnico Vicente Feola.

Também se destaca que nenhuma outra seleção fora em uma Copa do Mundo com duas armas secretas tão eficientes: o adolescente Pelé e um jovem promissor Garrincha. Ambos se destacavam em dois brilhantes clubes do futebol brasileiro na época – Santos e Botafogo. Somaram a jogadores experientes que equilibrava o time de Feola, como o grande goleiro Gilmar, o seguro zagueiro Bellini, os excelentes laterais Djalma e Nilton Santos, o meia promissor Zagallo, o artilheiro Vavá e o craque do time: Didi, o “rei da Folha Seca”, que era um tipo de chute forte e fatal inventado por ele.

Na teoria esse time teria força suficiente para bater qualquer adversário. Porém houve momentos complicados na competição em que o primeiro título mundial parecia distante. O empate sem gols contra a Inglaterra, na primeira fase, por exemplo, foi visto como mau resultado, já que era a primeira vez que a seleção deixava de marcar em uma Copa do Mundo. Além disso, nos primeiros minutos do jogo final contra a Suécia, dona da casa, quando Liedholm abriu o placar, o Brasil parecia um time nervoso, desconcentrado e limitado. Felizmente era questão de tempo para o futebol brasileiro mostrar seu verdadeiro poder.

A Copa do Mundo de 1958 teve vários momentos de destaque, mas que ficaram à sombra do brilhante futebol do time de Feola. O francês Just Fontaine tornou-se o maior goleador em apenas um Mundial, totalizando 13 gols marcados nos campos suecos. Por sua vez, os donos da casa vieram para a competição dispostos a não fazerem papel feio. Vários de seus jogadores, como Liedholm, Skoglund e Gren, atuavam na Itália e eram bem cotados na Série A. Ainda pode-se citar a vergonhosa campanha da Argentina, não se classificando sequer para a segunda fase e deixando a competição com uma humilhante goleada para a Tchecoslováquia por 6 a 1.

Foi na Suécia que a Seleção Brasileira atuou pela primeira vez com o uniforme azul. O uniforme amarelo do Brasil foi deixado de lado na final contra os donos da casa, porque o time rival atuava com as mesmas cores. Daí surgiu a camisa número dois do time canarinho, inspirada no manto de Nossa Senhora Aparecida, segundo o chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho.

E deu sorte, pois o Brasil não se intimidou com a pressão da torcida sueca e venceu a final por 5 a 2. Foi uma partida memorável, inesquecível para qualquer brasileiro. O gol de Pelé, aos 90 minutos, além de confirmar o título, fez renascer um time marcado negativamente pela derrota em 1950 e estabelecer ao jogador a condição de um dos melhores do mundo.

As lágrimas do atacante de apenas 17 anos no Estádio Rasunda, em Estocolmo, no final da partida, ilustraram o valor dado pela equipe brasileira ao título mundial. Um time brilhante, com jogadores de destaque no banco de reservas – Oreco, Orlando, Dida e Altafini – e um técnico disciplinador, como Vicente Feola fizeram da seleção de 1958 uma das mais fortes na história das Copas do Mundo.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Mitos e verdades paulistas

Por Marcos Coimbra
"É o governador José Serra quem conquistou tal fama, que ele, certamente, repudia. Desde quando disputou seus primeiros mandatos como deputado, dizia-se que seu apetite era tamanho que ai de quem se antepusesse em seu caminho"

A política paulista tem coisas que poucas pessoas de fora do estado conseguem entender. Ela costuma produzir acontecimentos que contrariam tudo o que se espera, seja quando seus agentes discordam, seja quando alcançam o entendimento (o que é bem mais raro).


Lá, as brigas do PT com o PSDB chegam a ser tão intensas que toda a política brasileira sofre as conseqüências. Questões de história pessoal, velhas animosidades do tempo de faculdade, desavenças clubísticas, tudo alimenta um clima de competição entre os dois, que contamina o cenário das discussões nacionais.

Mas vêm de São Paulo alguns dos gestos mais eloqüentes de convivência democrática entre líderes dos dois partidos, como o apoio de Mário Covas a Marta, no segundo turno da eleição de 2000, decisivo para que ela vencesse Paulo Maluf.

O próprio Covas já tinha aberto o precedente, manifestando seu voto em Lula contra Collor em 1989. Outra faceta estranha da política de São Paulo é a força de determinados mitos. Orestes Quércia, por exemplo, continua a ser procurado na véspera de cada eleição, como se seu apoio significasse um caminhão de votos.

O mito de sua força permanece vivo, apesar das derrotas que amargou, em todas as eleições que disputou nos 20 últimos anos. Na eleição presidencial de 1994, em São Paulo se dizia que Quércia “vem aí”, com um misto de admiração e temor por um político visto como “trator”, talvez porque imaginavam que vencera a disputa para o governo do estado em 1986 “passando por cima” dos adversários.

Parece que se esqueciam de que Quércia não tinha sido o único candidato do PMDB a ganhar aquelas eleições. Todos do partido tiveram sucesso, com uma única exceção, em Sergipe. O trator que esmagou os oponentes se chamava Plano Cruzado, e não Quércia.

Em 1994, Quércia teve 4% dos votos. Agora mesmo estamos vendo uma situação que coloca em xeque outro mito paulista. Apesar de enormes diferenças, tem alguma semelhança com o de Quércia, pois volta a fazer referência à imagem de trator, de alguém que vai adiante transformando em pó quem está na frente, na procura obstinada de alcançar seus objetivos. É o governador José Serra quem conquistou tal fama, que ele, certamente, repudia.

Desde quando disputou seus primeiros mandatos como deputado, dizia-se que seu apetite era tamanho que ai de quem se antepusesse em seu caminho. Mas foi, especialmente, depois da disputa pré-eleitoral de 2002, quando a candidatura de Roseana Sarney foi detonada, e durante aquela campanha, quando Ciro Gomes foi mortalmente atingido pela artilharia serrista, que Serra ganhou sua aura de “trator”.

Todo mito tem sua verdade, e não há razões para imaginar que Serra seja o oposto, alguém que não consegue realizar seus projetos. Mas os acontecimentos que antecederam a convenção municipal do PSDB em São Paulo, no fim de semana passado, certamente não confirmam a imagem de um político que tudo consegue.

Na verdade, foi a segunda vitória seguida de Alckmin sobre ele, em dois momentos cruciais nos quais o governador esteve empenhado. Logo quem, o “picolé de chuchu”, o político insosso que tantas pessoas criticaram por não ter energia para se antepor a Lula na eleição passada! Pois bem, encarou e ganhou de novo, como havia ganhado em 2006.

Talvez não tenha sido uma derrota. Pode ser que sejam as virtudes de Serra que explicam o desfecho, que foi por ele ser um político cordato, de boa índole, da tolerância e da concórdia, que a candidatura de Alckmin a prefeito prevaleceu, contrariando sua preferência declarada.

Se for esse o caso, é preciso logo corrigir a imagem nacional do governador. Há nela uma distorção grave, que tem de ser remediada: Serra não é trator nenhum.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Deu na imprensa!

Ensino na escuridão
Alunos da Escola Caio Nelson de Sena, em BH, protestam contra o péssimo estado da rede elétrica, que não permite ligar computadores, nem mesmo ver as lições no quadro

A professora passa o dever de casa, mas as crianças não conseguem enxergar, principalmente no fim da tarde e em dias nublados. Não há luz elétrica na biblioteca, nem em três das 10 salas de aula ou nos banheiros da Escola Estadual Caio Nelson de Sena, no Bairro Caiçara, na Região Noroeste de Belo Horizonte.


A situação, causada pela fiação condenada e total falta de recursos, levou cerca de 400 alunos do turno da tarde ontem à porta da escola, observados por algumas mães, com cartazes pedindo providências. “Sem luz não dá para brilhar”, diz o papel sustentado por Kennedy Marques Maia, de 12 anos, aluno da 5ª série. “À tarde fica muito ruim para quem senta atrás, como eu”, reclama. O laboratório de informática foi reformado e ganhou quatro computadores, totalizando 10, mas a inauguração ainda não ocorreu por medo de que os micros ligados causem uma pane geral. Segundo a vice-diretora, Ana Angélica Belezia de Oliveira, não se tem notícia de troca geral do sistema elétrico. “Como não temos dinheiro, apenas gambiarras são feitas.” Em fevereiro, quando os alunos voltaram das férias, metade das luzes não acendia e as chaves se desligavam quando muitos aparelhos eram acionados. Preocupada, a direção da escola contratou um engenheiro elétrico, que fez um diagnóstico desastroso. Não adiantava mais fazer remendos ou puxadinhos. “O jeito é trocar tudo, porque continuar improvisando pode levar até a um incêndio”, explica o responsável por reparos na escola, Cosme Patrício Pereira. Ainda em fevereiro, foi encaminhado à Secretaria de Estado da Educação (SEE) um relatório detalhado, com fotos, pedindo recursos para trocar a rede. “Estamos esperando, e nada. Não vimos outra maneira de resolver a não ser fazendo uma manifestação”, justifica a vice-diretora.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Festa de São João pára o congresso


O Congresso pára e abre espaço a deputados e senadores se dedicarem às eleições e à tradicional festa de São João nos estados nordestinos. No Senado, a flexibilidade é total, quem faltar não será penalizado. Na Câmara, pelo menos, haverá uma tentativa de votar medidas provisórias.

Deu na imprensa!

PT ainda não sabe o que fazer em BH - Estado de Minas
Reunião da Executiva Nacional que deveria decidir se a posição contrária à aliança seria revista ou se haveria intervenção no Diretório, mais uma vez não definiu nenhuma ação

O PT dá sinais de que não sabe o que fazer com a aliança com PSB e PSDB em Belo Horizonte. Em reunião da Executiva Nacional ontem, o partido não acatou o pedido da direção municipal para que reconsiderasse a decisão de barrar a participação dos tucanos na coligação, mas também não aprovou o pedido de intervenção preventiva feito pela esquerda petista e pelo grupo ligado ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. Por orientação do presidente do partido, Ricardo Berzoini, a maioria da Executiva decidiu esperar o resultado da convenção do PT amanhã. Até a convenção do PSB, marcada para dia 29, a direção municipal do PT será monitorada. Se o PSDB for incluído na coligação, poderá haver intervenção no diretório no dia 30. Um estudo jurídico para viabilizar a candidatura própria do partido já está pronto.


A aliança em Belo Horizonte só seria discutida pela Executiva na semana que vem, depois da convenção municipal, mas a representação feita pelo ex-deputado estadual Rogério Correia – acompanhado, entre outros, pelo filho de Patrus, Pedro Victer – acabou provocando a discussão, colocando a capital mineira como primeiro ponto da pauta da reunião que pretende discutir até o final da tarde de hoje pedidos de coligação com partidos que não fazem parte da base aliada do governo Lula em outras 21 cidades. O grupo do prefeito Fernando Pimentel, favorável à aliança, não foi comunicado da inversão de pauta. O deputado federal Miguel Corrêa Jr. e o deputado estadual Roberto Carvalho – candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Márcio Lacerda (PSB) – desembarcaram em Brasília depois das 18h, quando a Executiva já havia tomado a decisão.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, começou a reunião informando o resultado do encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes do PT, PSB, PCdoB e PDT, terça-feira, confirmando que Lula fez um apelo para que os quatro partidos estivessem juntos nas eleições para as prefeituras de São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Em seguida, comemorou a decisão do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que aceitou ser o candidato a vice-prefeito na chapa da ex-ministra do Turismo Marta Suplicy na capital paulista (leia mais na página 4). Depois de reafirmar que apoiava a decisão unânime do Diretório Municipal do Rio de não retirar a candidatura do deputado estadual Alessandro Molon, em apoio à candidatura de Jandira Feghali (como queria Lula), Berzoini afirmou que em Belo Horizonte estava mantido o impasse.

O secretário de Comunicação do partido, Gleber Naime, foi o encarregado de defender a representação que pedia a adoção de medidas preventivas “para preservar a identidade política e programática” do partido. O argumento é de que, diante das recentes declarações feitas por Pimentel e pelo governador Aécio Neves de que estarão juntos no apoio a Lacerda, independentemente da decisão dos seus partidos, “torna-se crucial a adoção de medidas preventivas”, que evitem que a convenção oficial do PT deixe de excluir o PSDB. Coube ao secretário Nacional de Assuntos Institucionais, Romênio Pereira, a defesa da resolução aprovada pela Executiva Municipal anteontem. “Levando em conta essa nova postura e em consonância com o espírito da entrevista concedida pelo presidente Lula, apelamos à direção nacional que reconsidere sua posição”, diz o texto.

Não houve votação. A maioria da Executiva acabou atendendo à orientação de Berzoini de não tomar partido por nenhuma das duas posições, mas manter-se alerta aos próximos passos da direção municipal. Um paulista que faz parte da Executiva Nacional resumiu assim a decisão de ontem: “O Berzoini poderia ter resolvido, mas não quis resolver”. Nos bastidores, a informação é de que o presidente Lula continua empenhado em solucionar a questão em Belo Horizonte. Ele teria pedido a Berzoini que avisasse aos membros da Executiva que passará o fim de semana em Brasília, à disposição de qualquer líder que queira conversar sobre a aliança.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Pimentel aqui e Alckmin lá!

Um dia após a ala contrária a sua candidatura ter protocolado assinaturas necessárias para enfrentá-lo em convenção, o ex-governador Geraldo Alckmin e seu grupo de apoiadores atravessaram ontem uma nova crise e decidiram apelar ao comando nacional do PSDB na tentativa de evitar um confronto na votação de domingo.

Alckmin passou o dia reunido com correligionários, e o presidente nacional dos tucanos, senador Sérgio Guerra (PE), chegou ontem à noite à capital paulista para tentar evitar o dilaceramento do partido.

A pedido do ex-governador, Guerra tentou convencer o deputado federal Walter Feldman, expoente da ala pró-Kassab, a desistir da disputa. Mas o encontro foi marcado pelas reclamações dos vereadores contra a Executiva municipal do partido. Não houve um acordo. "Hoje está um caos, está muito difícil. Os dois lados estão intranquilos", disse Guerra, que deve voltar a se reunir com os vereadores pró-Kassab hoje.

Alckmistas mais radicais chegaram a defender que o ex-governador, em um gesto extremo, abrisse mão da candidatura e atacasse os que trabalham por Kassab, inclusive o governador do Estado, José Serra. Mas a decisão foi em sentido contrário: mobilizar os apoios para a convenção.
"O PSDB deu quadros e empenhou apoio à atual administração municipal de São Paulo, mas nunca hipotecou sua alma. Por isso, a candidatura Alckmin é inegociável", diz o deputado Silvio Torres, um dos mais próximos do ex-governador.

Hoje, na sede municipal do partido, Alckmin apresenta o apoio do PHS à candidatura.

Outros interesses na coligação entre PT e PSDB em Belo Horizonte

CAPITAIS O interesse federal na participação do PSDB na chapa de Márcio Lacerda vai além da capital mineira: os socialistas estariam exigindo o fim do veto à aliança com tucanos em Belo Horizonte em troca do apoio à candidatura de Marta Suplicy (PT) a prefeita de São Paulo.

No meio dessa discussão tem ainda o PCdoB – aliado de primeira ordem dos petistas –, que admite desistir da candidatura de Aldo Rebelo em São Paulo para ser o vice de Marta. Nos bastidores, as informações são de que a maior parte do PT prefere ter como vice em São Paulo alguém do PSB, partido que poderia trazer mais apoios à candidatura de Marta. Para apoiar a petista, o PCdoB quer que o PT mine Alessandro Molon (PT) no Rio de Janeiro em prol da candidatura de Jandira Fegalli (PCdoB). A aposta é de que o acordo entre as legendas resolveria as pendências eleitorais nas três principais capitais brasileiras, além de facilitar acordos em outros estados.

Deu na imprensa!

Pente-fino nos candidatos - Estado de Minas
Políticos que respondem a processos na Justiça e pretendem disputar eleições terão nomes divulgados pela Associação dos Magistrados do Brasil, que distribuirá cartilhas para eleitores

Brasília – Diante das críticas que recebeu ao anunciar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgaria uma lista de candidatos com pendências judiciais, o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, mudou o discurso e afirmou que a idéia é apenas para 2010 e por enquanto o tribunal pretende apenas “facilitar o acesso a essas informações”. Apesar da desistência do ministro, os nomes de candidatos que respondem a processos judiciais devem tornar-se públicos por meio de outra instituição. Ontem, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) anunciou que vai colocar em seu site a ficha suja de todos os que pleiteiam um cargo eletivo.


A divulgação será parte da campanha Eleições limpas -– pelo voto livre e consciente, cuja segunda fase foi lançada ontem pela AMB, em parceria com o TSE. Segundo o coordenador da campanha, Paulo Henrique Machado, os dados referentes aos processos criminais que tramitam nas Justiças Federal, Estadual e Eleitoral devem ser divulgadas até o fim de julho.

Para elaborar a lista completa, a AMB começa hoje a enviar comunicados aos 13 mil juízes ligados à instituição pedindo que enviem os dados referentes aos processos que tramitam nas varas pelas quais são responsáveis. “Temos condições de colher essas informações e vamos divulgá-las. É preciso dar grande publicidade a esse fatos. Creio que eles serão suficientes para orientar os eleitores na hora de votar", afirmou o presidente da associação, Mozart Valadares Pires.

O coordenador da campanha, Paulo Henrique Martins Machado, justificou a divulgação de nomes: “Já que a Justiça Eleitoral, por meio do TSE, entendeu que não é possível impedir essas candidaturas, a AMB vai garantir o direito de informação ao eleitor. Vai dar informações sobre esses candidatos que respondem a processos para que faça a escolha de maneira consciente, sabendo que pesa contra o candidato algum tipo de acusação que se refere à má gestão pública e outros delitos.” “O foco da campanha é esse: garantir informação ao eleitor para que ele exerça seu voto de forma livre e consciente”, completou.

Um dos defensores da divulgação, Ayres Britto disse, porém, que a Justiça Eleitoral não encontrou um mecanismo seguro para divulgar a lista de candidatos com ficha suja para as eleições deste ano. Ele afirmou, no entanto, que o tribunal pretende facilitar o acesso a essas informações para quem tiver interesse. Para 2010, disse o presidente do TSE, os técnicos de informática do tribunal vão desenvolver um programa na internet para disponibilizar os dados.

Ayres Britto disse que não sabe como a AMB vai viabilizar a divulgação dos nomes do ponto de vista técnico, mas, se for seguro, tudo bem”, declarou.

“O objetivo do TSE não é divulgar o nome de pessoas que tenham passivo processual muito grande, avultado, escandaloso. É franquear aos interessados, que são os eleitores, partidos, candidatos, coligações, o acesso a tais dados. Não é a Justiça Eleitoral que fará essa divulgação, vamos desembaraçar o acesso dos interessados a dados que estão nos registros da Justiça Eleitoral”, afirmou.

Na terça-feira, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), havia feito ressalvas à proposta do presidente do TSE, de divulgar o nome dos candidatos com ficha suja na internet. Para o petista, dependendo de como a informação for tornada pública, poderia induzir ao erro.

Segundo Ayres Britto, no próximo pleito, candidatos e partidos terão que preencher formulários na internet com dados como certidões criminais negativas na hora de fazer o registro eleitoral. Questionado sobre as declarações de Ayres Britto, o presidente da AMB, Mozart Valadares Pires, reforçou a intenção de divulgar a lista até agosto. “É preciso uma grande publicidade. Talvez não tenhamos todas as informações, mas as suficientes para orientar os eleitores na hora de votar”, afirmou.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Agnelo Queiroz abandona o PCdoB

Agnelo Queiroz, ex-ministro dos Esportes do primeiro governo Lula, acaba de entregar sua desfiliação do PC do B. Ele diz que por ora não se filiará a nenhum partido. E que se for o caso recomeçará ou não sua carreira política na condição de médico que sempre foi.

Queiroz é formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi deputado federal entre 2003 e 2006. Hoje é diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segue a íntegra da carta que Queiroz encaminhou ao PC do B:

" Camaradas,
Por meio desta venho comunicar a minha desfiliação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Após profunda reflexão tomei esta decisão, convicto de ser esta a possibilidade de percorrer novos caminhos diante dos atuais rumos do socialismo no Brasil e no mundo.


Em décadas de militância no partido participei, juntamente com os companheiros, ativamente das lutas pela democratização do País e pela justiça social, que de forma inequívoca me ajudaram a consolidar, ainda mais, as minhas convicções no ideário socialista.

Transmita a militância do partido os meus agradecimentos pelo companheirismo que me dispensaram em todos estes anos de caminhada, e me despeço na certeza de que nossos caminhos sempre se encontrarão na defesa dos interesses maiores da Nação e do Povo Brasileiro.
Um forte abraço,
Agnelo Queiroz

Gays comemoram nos Estados Unidos

por Roger Dias

A Justiça do Estado da Califórnia autorizou o casamento entre homossexuais nos Estados Unidos. A decisão polêmica causará uma maior agitação dos cartórios do estado, já que vários casais gays, juntos há muito tempo, aproveitarão a oportunidade para se casarem.

O Governo estima que 120 mil casais homossexuais concluam o matrimônio nos próximos dias. A maioria deles é de outros estados. Também se espera que o estado arrecade mais de US$1 bilhão com os casamentos.

A Califórnia é o segundo estado americano a legalizar o casamento gay. Porém a decisão da Suprema Corte californiana pode ser curta. Em novembro, haverá um plebiscito entre os eleitores do estado para saber se eles aceitam ou não a decisão da justiça.

CQC proibido de entrar no Congresso

por Roger Dias

A equipe do CQC (Custe o que custar), programa da Bandeirantes, foi impedida de entrar no Congresso brasileiro para fazer matérias, gravar ou entrevistar os parlamentares. A justificativa se baseou na proibição de utilizar espaços públicos para a gravação de programas não jornalísticos.

A decisão foi tomada após o repórter Marco Luque fazer uma matéria no Congresso sobre reforma tributária, em que também ironizou a ausência de alguns deputados em seus escritórios no horário de trabalho.

Segundo o apresentador e jornalista Marcelo Tas, o CQC é um programa jornalístico que olha realidade em um tom de humor. Os acontecimentos políticos, artísticos e esportivos são tratados com sátira e ironia, muitas vezes brincando com a informação. O programa estreou em março.

A equipe do programa fez uma campanha na internet para que os internautas votem para que a equipe tenha acesso ao Congresso. Para votar, basta acessar o site da Rede Bandeirantes
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TSE inclui foto de candidato a vice-prefeito em urnas eletrônicas

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu incluir a foto do candidato a vice-prefeito nas urnas eletrônicas que serão usadas nas eleições municipais deste ano. A intenção do tribunal é informar melhor o eleitor sobre o candidato que ele vota.

A idéia foi sugerida pelo ministro Carlos Ayres Britto logo que assumiu a presidência do órgão.Para ele, o fato de alguns vices assumirem o cargo de prefeito em algumas ocasiões e, em outras, chegarem a assumir até o fim do mandato, justifica a inclusão da foto.

Com a mudança, os candidatos, partidos e coligações que fizerem o registro de candidatura devem incluir, além da foto do candidato a prefeito, a fotografia do vice que integra a chapa.

A volta de quem não foi

Marcos Coimbra
A sociedade brasileira tem uma longa experiência com a inflação, que acompanhou nossa historia econômica durante o século 20 inteiro

No noticiário dos últimos dias, o principal assunto tem sido o recrudescimento da inflação, que começa a preocupar seriamente o sistema político. De tema que ocupava apenas os profissionais da economia e do mercado financeiro, os temores da alta descontrolada dos preços alcançam agora quem pouco se importava com isso até outro dia.


As causas do problema não são apenas internas e o fenômeno atinge diversos países, seja desenvolvidos ou subdesenvolvidos. São vários os fatores que se conjugam para explicá-lo, dentre os quais a acelerada valorização do petróleo e o aumento dos preços dos alimentos, puxados pelo consumo em alta em países muito grandes, como a China e a Índia e, em menor escala, mesmo o Brasil.

A sociedade brasileira tem uma longa experiência com a inflação, que acompanhou nossa história econômica durante o século 20 inteiro, ora mais, ora menos intensa. A partir dos anos 1960, especialmente depois da crise do início da década de 1980, ela fugiu do controle e se transformou em hiperinflação aguda.

Se contarmos os anos que se passaram desde a redemocratização, cerca de metade deles foi marcada pela discussão a seu respeito e do que fazer para debelá-la. Até 1994, com o Real, a agenda nacional não conseguiu escapar de sua influência, que determinou a pauta da eleição de 1989, assim como ditou os altos e os baixos de três governos. Sarney, Collor e Itamar viveram seus melhores momentos quando parecia que a enfrentavam e seus piores quando eram vencidos.

Um dia, o que muitas pessoas imaginavam ser mais uma mirabolância, mais um plano maluco que não duraria seis meses, deu certo e a inflação desapareceu quase que de repente. Assim como ela havia marcado o debate e o processo político de maneira central enquanto existiu, seu fim aparente continuou a polarizar as discussões nacionais. Fernando Henrique se elegeu e reelegeu nesse cenário.

De 1994 para cá, a inflação permaneceu viva, reaparecendo mais vigorosa em alguns momentos, como depois da crise cambial de 1999 e nos meses que antecederam a eleição de Lula em 2002.
As subidas e descidas que experimentou e que os especialistas enxergaram em detalhe não foram, porém, plenamente percebidas pela maioria das pessoas.

Depois de muitas décadas de convivência com ela, uma parcela grande de nossa sociedade perdeu a capacidade de imaginar que nossa economia funcione sem níveis elevados de inflação. Pesquisas feitas desde o início do Real mostram isso, com a cristalização de uma parcela de entrevistados, nunca menor que 30%, que afirma esperar aumento de inflação “nos próximos seis meses”, quaisquer que eles sejam. Isto é, não cresce, nem diminui essa proporção, mesmo quando muda o quadro objetivo da economia.

Uma outra parcela, predominantemente mais jovem, sem experiência direta com a hiperinflação, tem reações opostas. Não só tende a não esperar inflação, como a não considerá-la hoje um problema muito grave.

Nisso, paradoxalmente, se igualam aos mais velhos. Quem viveu inflação mensal de 30% (ou mais) acha que 1% ao mês não é nada. Seja quem a teme sempre, seja quem nunca se preocupa com ela, reage com indiferença aos níveis em que está atualmente.

Pesquisa nacional feita pela Vox Populi em maio mostrava isso com clareza. Na pergunta aberta sobre os “principais problemas do Brasil”, somente 1% dos entrevistados citou espontaneamente a inflação. Mesmo confrontada com uma lista com apenas 10 opções, a inflação foi escolhida por não mais que 2% das pessoas, ficando em penúltimo lugar.

O governo vai ter de insistir muito para mobilizar a sociedade para a nova luta que, contra ela, teremos de travar nos próximos tempos.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Garibaldi acha difícil aprovação da CSS se não houver interferência do presidente Lula

Em entrevista ao final da tarde desta segunda-feira (16), o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, disse que a Contribuição Social para a Saúde ( CSS ) terá mais chances de ser aprovada no Senado se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se envolver pessoalmente na discussão.

- O presidente Lula não quer se envolver nas articulações, mas se resolverem dar isso de presente a ele, ele não vai deixar de querer. Quando ele se envolve, mais votos surgem. Sem uma interferência dele, fica mais difícil. Com uma interferência, acho que ele consegue sensibilizar aqueles que fazem parte da sua base - disse Garibaldi.

Na última quinta-feira (12), o presidente da República afirmou que caberia ao Congresso Nacional, e, mais especificamente, à bancada da saúde garantir a aprovação da contribuição, cujo texto-base passou na Câmara dos Deputados na quarta-feira (11) por 259 votos a 159 e duas abstenções (eram necessários 257 votos para garantir a aprovação).

De acordo com levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo e publicado em reportagem no último sábado (14), apenas 18 senadores aliados do governo teriam a pretensão de votar favoravelmente à aprovação da CSS quando a matéria chegar à Casa revisora.

Na avaliação do presidente do Senado, porém, se a votação fosse hoje, aprovar a CSS seria difícil, mas não impossível.

- Se fosse votada hoje, seria difícil de aprovar, mas não deixaria de ter chance. A CPMF precisava de 49 votos. A CSS precisa de 41. Além disso, agora, diferentemente da CPMF, a contribuição é voltada só para a saúde, e isso não deixa de ser civilizado. Agora, quem quiser acertar mesmo, bote um triplo aí porque a coisa não vai ser fácil... - brincou ele, em referência à loteria esportiva.

A tramitação da regulamentação da Emenda Constitucional 29, que define o percentual de recursos a serem investidos na saúde pelos entes federativos e cria a CSS, que representaria as fontes dos recursos a serem investidos pela União, deverá ser concluída na Câmara dos Deputados ainda nesta semana, com a votação dos destaques ao Projeto de Lei Complementar 306/08.

Garibaldi não se arriscou a prever se a matéria será votada no Senado antes ou depois das eleições. Na Casa, ela deverá passar pelas comissões de Assuntos Sociais (CAS), Assuntos Econômicos (CAE) e Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

- Isso vai depender do acordo dos líderes e do empenho do governo, que deverá ser grande. Pra mim, o governo deverá tentar votar logo, mas, para isso, precisa ter sua base compacta e pronta para votar, porque a oposição, em matéria de CSS, acho que não está para acordo não - disse.

Alternativa
O presidente voltou a defender uma alternativa para o financiamento da saúde que prejudique menos o contribuinte do que uma contribuição sobre as transações financeiras, como propõe o governo com a CSS. Como havia informado na semana passada, ele lembrou que pediu à Consultoria Legislativa que elabore um estudo sobre a viabilidade de se taxar supérfluos, como bebidas, cigarros e carros de luxo. De acordo com o presidente, o estudo deve ficar pronto até a próxima quinta-feira (19).


- A idéia não é derrubar a CSS, mas criar uma alternativa, se isso se constituir numa alternativa. Eu confio muito na consultoria do Senado, mas é preciso que o estudo do Parlamento tenha aquele viés de realismo. Deve ser uma proposta de bom calibre, para que não se construa uma coisa muito teórica - disse.

deu na folha de s. paulo

Comando deu o parecer contra ação na favela

Em parecer encampado pelo Comando do Exército, em Brasília, o Comando Militar do Leste (CML) alertou para os riscos da participação militar no projeto Cimento Social no morro da Providência, no Rio. Foi, porém, voto vencido. O Palácio do Planalto seguiu a sugestão do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), e o projeto virou convênio dos ministérios de Cidades e da Defesa.
O comandante do CML, general-de-exército Luiz Cesário da Silveira Filho, enviou o parecer ao comandante do Exército, general Enzo Peri. Discorreu sobre os riscos do contato de militares com bandidos, falou sobre a possibilidade de haver tiroteios e até mortes de civis com balas perdidas. Seu temor era que os militares estariam em áreas conflagradas, mas sem flexibilidade legal para real combate ao crime.

Cesário é a maior autoridade do Exército na região que abrange Rio, Minas e Espírito Santo. No documento, ele considerava equivocada e arriscada a atuação da Força nas obras e na segurança de pessoal na favela. Enzo, porém, não teve margem para negociar. Assinante da Folha leia mais em: Comando deu parecer contra ação na favela

Deu na imprensa! (parte 2)

Movimento contra para impugnar nomes de políticos condenados ganha força
Correio Braziliense

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de continuar permitindo que políticos processados sejam candidatos não agradou a maioria dos integrantes do Judiciário e dos ministérios públicos eleitorais. Juízes e promotores estaduais iniciaram um movimento de rebeldia e prometem atrapalhar os planos dos que almejam um cargo eletivo mas possuem pendências judiciais.

À frente da rebelião estão os promotores de pelo menos 17 estados e 19 presidentes dos tribunais regionais eleitorais, que defendem a ausência de efeito vinculante entre a decisão do TSE – resultante de uma consulta específica – e o trabalho da Justiça Eleitoral nos estados e nos municípios.

A disposição dos integrantes do Ministério Público é comemorada pelo presidente do TRE-RJ, Roberto Wider, percursor da tese de que é preciso barrar candidatos com vida pregressa questionável. Nos últimos meses, as idéias de Wider ganharam reforços importantes. Um deles é o procurador eleitoral do Espírito Santo, Nilso di Lírio, que tem feito uma aberta campanha junto aos promotores pela impugnação de candidaturas de réus. Di Lírio é otimista ao analisar a tendência de tribunais e procuradores eleitorais sobre o assunto. Para ele, em praticamente todos os estados brasileiros houve orientações do Ministério Público no sentindo de impedir a candidatura de quem foi condenado em primeira instância.

Segundo o procurador, se promotores e integrantes dos TREs se empenharem, será possível mobilizar a sociedade, o Congresso e até os ministros do Tribunal Superior Eleitoral sobre a necessidade de melhorar os quadros políticos do país e evitar que criminosos sejam eleitos. Em algum momento o TSE haverá de se sensibilizar sobre esse assunto.

Barrar esse tipo de candidato atende aos anseios da sociedade, enquanto que o entendimento do tribunal segue na contramão da história, disse Lírio.Na linha de Rio e Espírito Santo caminham também os estados de Minas Gerais, Ceará, Mato Grosso, Alagoas e Pernambuco. Em todos eles, os procuradores eleitorais têm feito orientações constantes para que os promotores que vão atuar nas eleições ignorem a decisão do TSE e façam a impugnação de todas as candidaturas de políticos processados.

Lista do TSE ajudará eleitor

Presidente do tribunal defende que os nomes dos candidatos com pendências judiciais sejam informados ao eleitor. Divulgação dos nomes poderá ser feita no site

Brasília – Diante das críticas à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de continuar permitindo que pessoas processadas possam ser candidatas a cargos eletivos, o presidente da corte, Carlos Ayres Britto, decidiu criar obstáculos às candidaturas de réus. Para isso, vai discutir hoje com os outros ministros uma forma de dar mais publicidade aos nomes e aos crimes atribuídos a cada postulante de mandato. “A Justiça Eleitoral tem o dever de informar e o cidadão tem o direito de ser informado quanto a eventual passivo eleitoral de candidatos. O TSE cumprirá o seu dever para que todo cidadão seja informado sobre a vida pregressa daquele que postula o seu voto”, comentou.

Inicialmente, a idéia de Ayres Britto é iniciar uma campanha para que os eleitores conheçam os candidatos e analisem as informações sobre esses políticos constantes nos registros de candidatura. Porém, um grupo de ministros quer discutir com o presidente uma forma de fornecer informações sobre os réus também aos eleitores sem acesso a internet e que vivem em regiões distantes. “Vamos encontrar o modo mais eficaz, mais eficiente, mais rápido de o TSE prestar o seu dever de informar devidamente sobre a personalidade, a vida pregressa, o passado, a biografia de cada candidato. A divulgação no site é uma das vias, uma das possibilidades. Mas ainda vou conversar amplamente com os ministros” , disse

Governador Aécio Neves conta com o aval do presidente Lula para a coligação entre PT e PSDB em Minas

O governador Aécio Neves (PSDB) conta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assegurar a aliança entre PSDB e PT em torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB) a prefeito de Belo Horizonte. Em entrevista ao Jornal do Brasil publicada na edição de domingo, Lula declarou que espera um recuo na direção nacional do PT – que vetou qualquer possibilidade de petistas e tucanos subirem no mesmo palanque. Aécio acredita que as afirmações do presidente poderão fazer a cúpula de seu partido mudar de idéia.

Deu na imprensa!

PTB apóia Márcio Lacerda de olho em duas secretarias

O PTB vai apoiar o candidato Márcio Lacerda (PSB), independentemente da presença do PT na coligação. O acordo foi fechado segunda-feira no Palácio da Liberdade com Lacerda, o secretário de Estado de governo, Danilo de Castro (PSDB), o presidente estadual do PTB, Dilzon Melo, e a presidente do Diretório de Belo Horizonte, a vereadora Elaine Matozinhos. “A participação do PT é acidental. O que pesou é sermos da base do governador Aécio Neves”, afirmou Dilzon Melo, que é secretário de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana. O partido chegou a indicar o ex-secretário de Segurança Pública na gestão do governador Hélio Garcia, José Rezende – antes cotado para ser candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pela deputada federal Jô Moraes –, para coordenar a área de segurança. Segundo Dilzon, a área do Meio Ambiente também seria entregue ao partido, repetindo o que ocorreu na administração Fernando Pimentel (PT).

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Lula diz que Seleção daria prejuízo se tivesse ações na Bolsa

Portal Terra
SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou a investidores, na sede da Bovespa, em São Paulo, que se a Seleção Brasileira possuísse ações na bolsa de valores, elas estariam hoje em baixa. Corintiano, o presidente disse que, por outro lado, as hipotéticas ações do Corinthians estariam em alta após a sexta vitória consecutiva do time na Série B do Campeonato Brasileiro.


A afirmação foi dada um dia depois da derrota do Brasil por 2 a 0 para o Paraguai, em Assunção, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. No sábado, o Corinthians venceu o Brasiliense por 4 a 1, pela sexta rodada da segunda divisão nacional.

- Se o Corinthians estivesse na bolsa, na Série B, estaria dando um alto crescimento na bolsa. E se o Brasil (Seleção) estivesse na bolsa, a gente estaria hoje com um pregão de baixa. De qualquer forma, nós queremos que a derrota não mexa com a expectativa dos investidores brasileiros, porque foi uma derrota muito eventual - disse, referindo-se ao time comandado pelo técnico Dunga.

Lula esteve na Bovespa a convite da entidade. Ele foi homenageado pelo fato de o Brasil ter recebido a classificação de grau de investimento das agências de risco. Ao lado dele estavam o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, entre outras autoridades.

PPS tem candidata em São Paulo

A vereadora e apresentadora de TV Soninha Francine, candidata à Prefeitura de São Paulo, já apresentou proposta para o trânsito na cidade.

São Paulo – Em evento que oficializou ontem sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, a vereadora, comentarista esportiva e ex-apresentadora da MTV Soninha Francine (PPS) reforçou que a mobilidade urbana será mesmo o tema central de sua campanha. "Vamos discutir tudo o que acarreta o trânsito e tudo o que o trânsito acarreta", afirmou. O presidente do PPS, senador Roberto Freire, previu que, em várias cidades, as eleições municipais servirão para debater temas nacionais e que "alianças para 2010 começarão a ser discutidas agora".

PMDB já tem candidato à prefeitura de Belo Horizonte

Com a vitória do presidente municipal do partido, Leonardo Quintão, os peemedebistas torcem para que aliança entre PT e PSDB não vingue, abrindo brecha para composição com Palácio

O deputado federal Leonardo Quintão (PMDB) foi indicado ontem, pelo PMDB, candidato à Prefeitura de Belo Horizonte. Quintão concorreu com o deputado estadual Sávio Souza Cruz, numa convenção tensa, em que não faltaram acusações de parte a parte quanto aos métodos empregados para o convencimento de delegados. Ele venceu por 54 votos a 19, com 19 votos nulos e dois em branco. A disputa foi decidida por 52 convencionais, alguns com direito a até três votos.

domingo, 15 de junho de 2008

Um caso exemplar

Por Marcos Coimbra

Na política, como na vida, regras são regras. Mas existem exceções a quase todas, ainda que aconteçam em situações excepcionais.

Tome-se a regra do descrédito dos políticos brasileiros. Ela assumiu esse posto depois que inúmeras pesquisas, feitas em âmbito municipal, estadual e federal, nos últimos anos, mostraram que não só havia um descrédito, mas que ele se aprofundava dia a dia.

Essas pesquisas revelam níveis tão elevados de desconfiança e desapreço a nossos políticos que, atualmente, já se discutem seus possíveis efeitos na redução de expectativas e no rebaixamento dos padrões de avaliação de instituições como o Congresso. De tanto achar que ninguém presta, a população se satisfaria com cada vez menos.

Em terra de cegos, vira rei quem tem um olho.

Por isso mesmo, são notáveis os casos em que a população de um estado ou de uma cidade aplaude seus governantes, ao invés de criticá-los. Mais raros ainda são aqueles em que ela o faz com entusiasmo e em proporções que beiram o consenso. E mais extraordinários aqueles em que tais avaliações são compartilhadas por prefeito, governador e presidente.

Das muitas cidades para as quais dispomos de dados, o caso de Belo Horizonte pode ser considerado exemplar. Já faz tempo que as pesquisas mostram quão elevada é, na cidade, a popularidade de Lula, de Aécio e de Pimentel. Ao que parece, é a recordista nacional de satisfação com o desempenho daqueles políticos cujas ações impactam mais diretamente na vida cotidiana.

A pesquisa realizada pela Vox Populi no fim de semana passado em Belo Horizonte voltou a revelar esse quadro, em tintas ainda mais nítidas que antes. Ouvidas pessoas de todas as condições e correntes de opinião, que simpatizam mais ou menos com todos os partidos, ela aponta para índices de aprovação muito elevados para os três.

Aécio faz um governo considerado “ótimo” ou “bom” por 86% dos moradores da cidade. Pimentel, por 73% e Lula, por 59%. Ou seja, cerca de dois terços da população de Belo Horizonte está perto de estar plenamente satisfeita com o governador, o prefeito e o presidente, simultaneamente. Incluída a avaliação “regular”, chegamos perto de 85% de pessoas que não desaprovam nenhum deles. É, realmente, um caso raro no Brasil.

Há quem desmereça resultados como esses, dizendo que eles só são possíveis na cidade pela inexistência de certo “contencioso” na política e na imprensa locais. Quem pensa assim costuma dizer que, em outras capitais, haveria mais cobrança, algo que não aconteceria em Belo Horizonte.

Fora o etnocentrismo, é impressão de quem ignora a realidade atual da imprensa e da formação de opiniões na cidade (e no Brasil). Imaginar que quase 1,8 milhão de cidadãos adultos pensam dessa maneira por ter sofrido uma espécie de “lavagem cerebral” é pura bobagem.

O fundamento principal dessa aprovação é a percepção de que os três trabalham bem, cada um a seu modo e em seu lugar, e, especialmente, que trabalham somando esforços e se complementando. Para os habitantes da cidade, Aécio, Pimentel e Lula foram capazes de colocar suas diferenças políticas e partidárias em segundo plano, se dispondo a encontrar entendimentos, e não conflitos.

Pensando no relacionamento do governador e do prefeito, passa de três quartos a proporção daqueles que aprovam a relação que estabeleceram, que se poderia chamar “parceria”, e que, agora, se traduz no apoio a uma candidatura comum a prefeito, nas eleições deste ano.

A grande maioria da população de Belo Horizonte, ao que parece, gosta do que vê atualmente. Coisas semelhantes não acontecem em outros lugares apenas porque o sistema político brasileiro só oferece produtos como esse em casos raros.

Um caso exemplar
"O caso de BH é exemplar. Já faz tempo que as pesquisas mostram quão elevada é, na cidade, a popularidade de Lula, de Aécio e de Pimentel"

sábado, 14 de junho de 2008

Morre Jamelão! Brasil perde a voz do morro.

Um dos maiores intérpretes de sambas-enredo do país, José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão, morreu às 4h deste sábado, na Casa de Saúde Pinheiro Machado, no Rio de Janeiro, aos 95 anos.

Jamelão estava internado desde quarta-feira na Clínica Pinheiro Guimarães, no bairro de Laranjeiras, com infecção renal. O corpo será velado na quadra da Estação Primeira da Mangueira, escola de samba que tinha em Jamelão um dos seus maiores símbolos. O enterro acontece neste domingo, às 11h, no Cemitério São João Batista.

Polêmico, folclórico, mas acima de tudo talentoso, Jamelão se recusava a ser chamado de ''puxador de samba'', como eram conhecidos os cantores das escolas de samba cariocas. O ''intérprete'', como o cantor gostava de ser chamado, foi inúmeras vezes aclamado como melhor cantor de samba do Rio de Janeiro, tendo ajudado a Mangueira a conquistar campeonatos no carnaval carioca.

Jamelão nasceu no bairro de São Cristóvão e depois se mudou com os pais para o Engenho Novo, onde passou a maior parte de sua juventude. Começou a trabalhar para ajudar a sustentar a família com sua irmã e mais dois irmãos, pois seu pai havia se separado de sua mãe. Trabalhou numa fábrica de borracha também no Engenho Novo, e ali começou a sair na noite e a ter contato com a música num lugar chamado "Eldorado" aonde começou a a cantar.

Foi "corista" de Francisco Alves e numa noite tomou o lugar do cantor já famoso para defender a canção de Herivelto Martins. Sua primeira gravadora foi a Odeon. Em 1960, lançou várias músicas de sua autoria e de sua mulher Ferreira Santos, tendo em "Fechei a porta" um dos seus primeiros sucessos. Regravou samba-canção de Ari Barroso, "Folha morta", e acabou fazendo um novo disco a pedido de Braguinha. Com Lupicínio Rodrigues gravou dois discos, principalmente com a música "Nunca".

Antes de virar intérprete, foi compositor da Mangueira na década de 1950. Três músicas em especial eram para Jamelão os melhores samba-enredos da escola de samba, "Cântico a Natureza", "o mundo encantado de Monteiro Lobato" e "Caymi mostra ao mundo o que a Magueira tem".

Propaganda eleitoral na internet


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu julgar caso a caso a propaganda eleitoral na internet. Os candidatos comemoram. Na rede mundial de computadores, não deixar pistas do crime é fácil.

Jogo Brasil x Paraguai

Defender é mais fácil

Depois de testar Anderson, Dunga se rende ao conservadorismo: escala time e esquema da Copa América, amanhã, contra o Paraguai, com três volantes e apenas um na armação

Haja paciencia! Aguentar esta retranca em um jogo contra a seleção paraguaia! Assim é dificil de acreditar no Dunga!

TSE cancela 211 mil títulos em MG

Minas Gerais foi o estado com o segundo maior número de títulos eleitorais cancelados no país. A redução do eleitorado revisado, conforme os dados da Justiça Eleitoral, foi de 21,2 %. Levantamento divulgado ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, dos 1.011.218 eleitores convocados no estado a comparecer aos cartórios para comprovar seus cadastros, 211.550 não responderam ao chamado e perderam os documentos. A revisão foi feita em 174 municípios mineiros entre 5 de novembro e 4 de dezembro do ano passado. Dos cancelamentos, 192.998 foram por revisão determinada pelo TSE e 18.552 pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

No total, foram cancelados 1.866.020 títulos de eleitores em 24 estados brasileiros, o correspondente a 27,3% dos 6.812.962 eleitores revisados. Dos cancelamentos, 287.562 se deram por meio de revisão determinada pelo TSE em 1.128 municípios cujo eleitorado era superior a 80% da população em 2007. Outros 578.458 foram excluídos por determinação dos tribunais regionais.


O maior número de cancelamentos foi na Bahia, onde 677.790 eleitores ficaram sem o título. Depois de Minas Gerais, que tem o segundo maior número de perda de registros, foi apontado o Paraná, onde o eleitorado perdeu 128.948 pessoas. Os únicos estados em que não foram determinadas revisões foram Amapá, Roraima e Distrito Federal. O procedimento foi determinado pelo TSE em setembro de 2007. A revisão envolveu em 20,3% dos 5.564 municípios do país.

REGRAS A revisão é determinada pela Justiça Eleitoral quando o número de eleitores é superior a 80% da população, o total de transferências de títulos no ano em curso é 10% maior em relação às do ano anterior e quando o eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos, somados também os com mais de setenta anos. Os três requisitos devem ser cumpridos. Segundo o TSE, os eleitores são chamados a confirmar seus cadastros para sanar irregularidades e evitar fraudes em virtude de transferências para municípios com os quais o eleitor não possua vínculo. Também são conferidos casos de eleitores falecidos que ainda constam do cadastro.

Deu na imprensa!

PT ganha tempo pela aliança - Estado de Minas
Diretório Municipal do partido adia encontro para acatar decisão da cúpula nacional, contrária à parceria formal com o PSDB na disputa pela PBH, à espera da posição do PSB

A direção do PT de Belo Horizonte adiou para o dia 21 a reunião prevista para hoje para referendar a decisão da direção nacional da legenda que determinou que o PSDB não deve participar da chapa formada pelo ex-secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico Márcio Lacerda (PSB) e pelo deputado estadual Roberto Carvalho (PT). Segundo os petistas, o adiamento atendeu a um pedido do governador Aécio neves (PSDB), que ainda trabalha para garantir a participação oficial do PSDB na chapa.

A direção do PT da capital, que trabalha para garantir o apoio informal dos tucanos, também enviou para a direção estadual do PSB um pedido para que a legenda se posicione sobre a chapa Lacerda/Carvalho antes do dia 21. O PT quer que o PSB decida se vai se coligar com a legenda ou se vai preferir o PSDB. Na terça-feira, representantes da direção nacional do PSB, entre eles o presidente da legenda, governador Eduardo Campos (PE), devem vir a Belo Horizonte conversar com Aécio.

O presidente do PSB mineiro, deputado estadual Wander Borges, disse que a direção do partido deve atender o pedido do PT de definir sua posição antes do domingo. Sem querer adiantar uma decisão oficial, ele afirmou que “acha que a chapa deve ser mesmo Márcio Lacerda e Roberto Carvalho”, o que excluiria a participação oficial do PSDB.

O deputado federal Miguel Correia, defensor da aliança com os tucanos, garante que o objetivo do adiamento é dar tempo para que os partidos envolvidos definam sua posição. “Temos até o dia 23 para decidirmos sobre esse assunto. Vamos manter nossa posição de acatar a decisão da direção nacional que recomendou que não seja feita uma aliança com o PSDB.

” O pré candidato a vice na chapa de Lacerda também assegurou que o motivo do adiamento é dar tempo para o PSB definir sua posição. “Não vamos desrespeitar a decisão da direção nacional, que impediu o apoio formal do PSDB à nossa chapa”. Segundo Roberto Carvalho, a direção municipal comunicou o adiamento ao presidente do partido, Ricardo Berzoini, e não houve nenhuma manifestação contrária.

SURPRESA A decisão de suspender a reunião de hoje pegou de surpresa os contrários a uma aliança com os tucanos. Para o ex-deputado estadual Rogério Correia, que se licenciou do cargo de delegado regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Minas para concorrer à prefeitura, caso não vingue a aliança com o PSB, o adiamento é uma estratégia dos defensores da aliança para adiar a discussão de uma alternativa à proposta de aliança com os socialistas. Em nota, os críticos da aliança com os tucanos avaliam que a decisão de adiar a reunião tem apenas uma “justificativa plausível: a tentativa de dificultar a construção de alternativas para a disputa eleitoral e o entendimento entre as instâncias internas, acarretando um desgaste ainda maior entre a direção nacional e a municipal, e forçando um pedido de intervenção.”

Governador O governador Aécio Neves (PSDB) voltou a afirmar ontem que, independentemente da fomalização ou não da aliança entre PT e PSBD, vai trabalhar junto com o prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel nas eleições de outubro. “A partir do momento em que o PSDB não participa da chapa, o apoio já não é formal, mas isso é uma coisa desprezível, sem significação. O importante é que na campanha eleitoral o prefeito e o governador estarão juntos ao lado do candidato Márcio Lacerda” afirmou Aécio, à tarde, em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Segundo o governador, em Belo Horizonte está havendo a construção de um amplo consenso em favor da cidade.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

REVELAÇÕES DE LULA AO JORNAL DO BRASIL

O Jornal do Brasil publica neste domingo, 15 de junho, entrevista exclusiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A entrevista resultou de conversa de duas horas com o diretor-geral do JB, Marcos Troyjo, o editor-chefe Tales Faria, o colunista Mauro Santayana, e o diretor de conteúdo da Gazeta Mercantil, Marcello D´Angelo, realizada nesta sexta-feira no Palácio do Planalto.

Lula faz revelações sobre sucessão presidencial e sua posição nas eleições municipais deste ano. Preocupado com a escalada dos preços, defende vigoroso combate à inflação. Celebra o entusiasmo de investidores estrangeiros em relação à economia brasileira.

O Presidente fala também sobre a crise Varig-Dilma Rousseff, dilemas do governo com o Movimento dos Sem Terra (MST) e a evolução do sindicalismo no País.

Na área internacional, Lula deixa transparecer sua simpatia por Barack Obama, candidato democrata à Casa Branca. Vê grandes oportunidades para o Brasil na crise internacional de alimentos.

Lula traça um novo mapa energético do país, que vai da expansão dos biocombustíveis até as novas descobertas de petróleo na costa brasileira.Ao fazer balanço sobre seus 5 anos e meio de governo, Lula expõe o que lhe agrada ou tira o sono na Presidência.

A Gazeta Mercantil publicará a entrevista na sua edição de segunda-feira, 16 de junho. A partir de domingo, os internautas poderão ouvir a conversa com Lula nos sites do JB (www.jb.com.br) e da Gazeta Mercantil (www.gazetamercantil.com.br).

Pesquisa em BH - Avaliação


ELEIÇÕES - Deu no jornal Estado de Minas
População apóia parceria
Pesquisa do Instituto Vox Populi mostra que 76% dos belo-horizontinos são favoráveis ao entendimento político e administrativo existente entre governador e prefeito da capital

Apesar das dificuldades entre PSDB e PT nas instâncias partidárias para viabilizar uma candidatura única à Prefeitura de Belo Horizonte, a população da capital mostra que, em sua maioria, aprova a parceria entre o governador Aécio Neves e o prefeito Fernando Pimentel nas administrações estadual e municipal. É o que indica pesquisa realizada pelo Vox Populi realizada em junho, segundo a qual 76% dos belo- horizontinos são favoráveis ao entendimento político e administrativo entre os dois gestores. Na avaliação do sociólogo Marcos Coimbra, diretor do Instituto Vox Populi, o resultado faz com que um candidato apoiado por Aécio e Pimentel comece a disputa com vantagem sobre os demais.


Foi perguntado aos 1.050 entrevistados nas nove regionais de Belo Horizonte entre os dias 7 e 9 de junho se eles aprovam o modo como Aécio e Pimentel se relacionam. Apenas 14% dos ouvidos responderam que não. A margem de erro da pesquisa é de 3%. O Vox Populi também mostrou que a cidade aprova as atuais administrações federal, estadual e municipal. O maior índice favorável foi obtido pelo governo Aécio Neves, aprovado por 86% da população. O governo federal é considerado ótimo por 22% dos entrevistados e bom por 37%, totalizando uma avaliação positiva de 59%.


A administração municipal também tem avaliação favorável, e a maioria dos entrevistados quer a continuidade das políticas adotadas. Conforme tabela do Vox Populi, a gestão de Pimentel é considerada ótima por 22% e boa por 51%. A continuidade de todas as políticas adotadas pelo prefeito eleito é uma necessidade para 35% dos ouvidos. Outros 42% querem continuidade com algumas mudanças. Para o diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, a capital mineira vive uma situação especial diante do quadro brasileiro por estar satisfeita com as três instâncias de governo. “Está bem nítido que a população está satisfeita e a principal razão é que a cidade tem um sentimento de que os três governos se entendem”, afirmou.


A aprovação da parceria de Aécio e Pimentel e de ambas as administrações indicam, para o sociólogo, que o pré-candidato apoiado por ambos, o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Márcio Lacerda (PSB), terá uma margem de vantagem na disputa. “Essa aprovação quer dizer que a população espera que o prefeito eleito seja capaz, pelo menos nos próximos dois anos (até quando dura o mandato de Aécio), de manter esse mesmo tipo de parceria. A aprovação dos dois governos significa que o candidato apoiado por Aécio e Pimentel, se essa tese de entendimento prevalecer, sai com uma boa largada na disputa em função disso.”


EXECUTIVA A Executiva Municipal do PT se reúne hoje para traçar estratégias para a reunião de amanhã, quando terão de se posicionar sobre a nova política de alianças diante da proibição do Diretório Nacional. Depois de tentar, sem sucesso, adiar o encontro, o grupo do prefeito Pimentel vai acatar a proibição nacional, reafirmando a aliança entre PT e PSB e os nomes de Márcio Lacerda para candidato a prefeito e do deputado petista Roberto Carvalho como vice.

Dados





quinta-feira, 12 de junho de 2008

O dia 12 de Junho, por Luiz Fernando Veríssimo


"...Por que não um Dia dos Amantes? Já existe o Dia dos Namorados e hoje em dia a diferença entre namorado e amante tornou-se um pouco vaga. Quando é que namorados se transformam em amantes? Segundo uma moça, experimentada na questão, que consultamos, se a mulher der para o mesmo homem mais de dezessete vezes seguidas ele deixa de ser seu namorado e, tecnicamente, passa a ser seu amante.
Os critérios variam, no entanto. Em certas regiões, só depois de dormirem juntos dois anos é que namorados se tornam legalmente amantes. Alguns estabelecem um meio-termo razoável: dezessete vezes ou dois anos, o que vier primeiro. Outros afirmam que a diferença está no grau de intimidade dos dois tipos de relacionamento. Num caso, as pessoas vão para qualquer lugar onde haja camas - apartamento, hotel, ou motel, sendo desaconselháveis hospitais, quartéis e lojas de móveis - tiram a roupa um do outro, às vezes usando só os dentes, atiram-se na cama, rolam de um lado para o outro, enfiam-se os dedos no orifício que estiver por perto, lambem-se, chupam-se, com ou sem canudinho, massageiam-se mutuamente com Chantibon, depois o homem penetra o corpo da mulher com seu órgão intumescido e os dois corpos movem-se em sincronia até o orgasmo simultâneo entre gritos e arranhões. Então se separam, suados, e vão tomar um banho juntos antes de saírem para a rua. Quer dizer, uma coisa superficial e corriqueira. Já o namoro, não. No namoro, não apenas o órgão intumescido mas todo o corpo do namorado penetra na própria casa da namorada todas as quartas-feiras. Eles se sentam lado a lado no sofá quente, coxa a coxa, e chegam a entrelaçar os dedos das mãos. Muitas vezes comem a ambrósia preparada pela mãe da moça com a mesma colher, gemendo baixinho. Existe ainda o prazer indiscritível de roçar com o braço o lado do seio da namorada, enquanto se conversa sobre futebol com o pai dela, um prazer que aumenta se, por sorte, estiver com um daqueles sutiãs pontudos usados pela última vez no Ocidente por Terry Moore, em 1953. A namorada, não o pai dela. Isto é que é intimidade.

Existem outros critérios para diferenciar namorado de amante. Amante é o namorado que leva pijama, por exemplo. Uma maneira certa de saber que o namorado já é amante é quando, pela primeira vez, em vez de dar uma para de meias para ele no Dia dos Namorados, ela dá um par de cuecas. E você terá certeza de que ele é amante quando alguém sugerir que ela lhe dê um certo tipo de cuecas e ela responder, distraidamente: "Esse tipo ele já tem..."
Mas estamos falando de namorados, ou amantes, solteiros. No caso de homem casado e com uma amante a coisa se torna mais complicada ainda e mais invejável. Antes de lançar o Dia dos Amantes os lojistas teriam que fazer uma pesquisa de mercado. O que despertaria a desconfiança dos entrevistados.

- O senhor tem amante?
- Foi a minha mulher que o mandou?
- Estamos fazendo uma pesquisa de mercado e...
- Onde é que está o microfone? É chantagem, é?
- Não, cavalheiro. Nós...
- Está bem, está bem. Tem uma moça que eu vejo. Mas nem se pode chamar de amante. Pelo amor de Deus! É só meia hora de três dias. E ela é bem baixinha. "Amante" seria um exagero. Mas eu prometo parar!

Uma vez decidido o lançamento do Dia dos Amantes, as agências de propaganda teriam que escolher a estratégia de marketing, ou, como se diz em português, o approach.
O tom das peças publicitárias variariam, é claro, de acordo com o tipo de comércio. As lojas de eletrodomésticos poderiam anunciar: "Tudo para o seu segundo lar". Ou então: "Faça-a sentir-se como a legítima. Dê a ela uma máquina de lavar roupa". As joalheria enfatizariam sutilmente o espírito de revanchismo do seu público alvo, sugerindo: "Aquele diamante que sua mulher vive pedindo... dê para a sua amante". Ou, pateticamente: "Já que ela não pode ter uma aliança, dê um anel...". Perfume: "Para que você nunca confunda as duas, dê Furor só para a outra..." Utilidades: "No dia dos amantes, dê a ela um despertador. Assim você nunca se arriscará a chegar tarde em casa".
Os comerciais para a televisão poderiam explorar alguns lugares-comuns. Por exemplo: homem entra no quarto e encontra amante na cama. Atira um presente no seu colo. Isso a faz lembrar de uma coisa. Ela abre a gaveta da mesa de cabeceira e tira um presente também. Ele vai pegar, mas o presente não é pra ele. Ela levanta da cama, abre o armário e dá o presente para o seu amante escondido lá dentro. Congela a imagem. Sobrepõe logotipo do anunciante e a frase: "Neste Dia dos Amantes, dê uma surpresa". Hein? Hein? Está bem, era só um exemplo.
As confusões seriam inevitáveis. Marido e mulher se encontram numa loja de lingerie. Espanto da mulher:
- Você aqui?Marido:
- Ahm, hum, hmmm, sim, ohm, ahm, ram.
- E escolhendo uma camisola!
- É que, ram, rom, ham, ahm, grum. Certo. Quer dizer...
- Você pode me explicar o que está havendo?
- Grem, grum rahm, rhom, ahn...
- Não vai me dizer que estava comprando pra mim. Há anos que não uso camisola. Ainda mais desse tipo, preta, transparente e com decote até o umbigo.
- Eu posso explicar.
- Então explique.
- Ahm, rom, rum, rahm, grums.
- Explique melhor.
- Está bem! É para mim, está entendendo agora? Para mim!
- Você? Mas...
- Há anos que eu tento esconder isso de você. Agora você me pegou e eu vou revelar tudo. Adoro dormir de renda preta! Só me controlei até hoje por causa das crianças!
- Ela compreende. Tenta acalmá-lo. Mas ele agora está agitado. Bate no balcão e grita:
- Também quero ligas vermelhas, um chapelão e chinelos de pompom grená!
Ela o leva para casa, cheia de resignada compreensão. A amante ficará sem o seu presente de Dia das Amantes, mas pelo menos o marido terá evitado qualquer suspeita. O único inconveniente é que terá de dormir de camisola preta pelo resto da sua vida conjugal.
Por que não um Dia dos Amantes? Você teria que tomar certas precauções, além de jamais entrar numa loja de lingerie. Como uma ausência sua em casa no Dia dos Amantes despertaria desconfiança, telefone para casa antes de ir festejar com a amante.
- Alô, a patroa está?
- Não, senhor.
- Estranho. Ela costuma estar em casa a esta hora. Mas é melhor assim. Diga para ela que eu vou me atrasar um pouco. Estou no hospital para curativos. Nada grave. Fui atropelado por uma manada de elefantes.
- Sim, senhor.
Você se dirige para a casa da amante, com o embrulho do presente embaixo do braço. Começa a pensar na ausência da sua mulher em casa. Onde ela teria ido? Lembra-se então de que a viu mais de uma vez olhando com interesse uma vitrine cheia de cachimbos. Na certa pensando num presente para lhe dar. E súbito você pára na calçada como se tivesse batido num elefante. Você não fuma cachimbo!
"Luis Fernando Veríssimo, Comédias da Vida Privada

Aprovada a CSS na Câmara

Com apenas dois votos a mais que o necessário, base governista aprova recriação do imposto do cheque, agora com o nome de Contribuição Social para a Saúde (CSS) e 0,1% de alíquota

A Câmara dos Deputados aprovou a recriação do imposto do cheque, a antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), cujo nome agora é Contribuição Social para a Saúde(CSS). Mas foi por um placar tão apertado – 259 votos favoráveis, 159 contrários e duas abstenções, dois a mais que o necessário – que os governistas nem sequer comemoraram a vitória, depois de três semanas de batalha com a oposição.


Com aventais brancos e cartazes contra a proposta ( “Xô CPMF”, diziam), os oposicionistas é que comemoraram o resultado. “Foi uma vitória da Frente Nacional de Saúde, com esse placar a proposta não passa de jeito nenhum no Senado, até porque é inconstitucional criar imposto dessa forma”, avaliou o deputado Rafael Guerra (PSDB- MG). Na votação anterior, o relatório do deputado Pepe Vargas (PT-RS), que modificou o texto aprovado pelo Senado, foi aprovado por 288 votos a favor, 124 contra e duas abstenções, o que criou a falsa impressão de que o governo teria uma vitória folgada na aprovação do imposto.

Bem que o governo se mobilizou para obter o apoio de pelo menos 257 deputados, dos 383 que fazem parte de sua base de sustentação. O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), foi um dos que mais se empenharam para obter o apoio maciço da sua bancada, mas, dos 93 peemedebistas, nove votaram contra a proposta do governo, 15 se ausentaram do plenário e um se absteve. Dos 43 deputados do PR, 12 votaram contra o governo e seis faltaram à votação. Mesmo no PT, houve 10 ausências em plenário. A maioria faz parte da Frente Parlamentar da Saúde, mas havia também os descontentes por causa da não-liberação de suas emendas parlamentares.

Se for referendada pelo Senado, a CSS será cobrada a partir de 1º de janeiro de 2009 sobre todas as movimentações financeiras realizadas no país. O projeto estabelece alíquota de 0,1% para o novo tributo e determina que a União repasse o total da variação do Produto Interno Bruto (PIB) mais a inflação e o valor global da CSS integralmente para a saúde. A isenção do pagamento do tributo será limitada aos trabalhadores assalariados, aposentados e pensionistas do INSS que recebem até R$ 3.080 por mês. Segundo o líder da minoria, Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), “o governo tirou R$ 5 bilhões da saúde, com o projeto aprovado, e quer arrecadar mais R$ 10 bilhões com o novo imposto”.

VERBAS O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), segundo colegas de bancada, errou na avaliação de que o momento era o mais favorável para a aprovação da CSS. Na base governista, muitos preferiam que a votação ficasse para depois das eleições. Fontana, porém, apostou na vitória do governo, mesmo por um placar apertado, porque havia um compromisso dos líderes de bancada de que o apoio ao governo estaria garantido por causa da liberação das verbas destinadas às emendas parlamentares ao Orçamento.
Fonte Estado de Minas

Pastores têm aval para se candidatar

Diferentemente das orientações da CNBB, igreja evangélica em Minas estimula seus sacerdotes a disputar o pleito de outubro

Na contramão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – que veda a candidatura de padres a cargos eletivos e ameaça suspender aqueles que optarem pela vida política –, as evangélicas apóiam a filiação de pastores e fiéis a partidos e a participação deles na disputa eleitoral. Em algumas delas os responsáveis atuam efetivamente na campanha para garantir a vitória nas urnas. Atualmente, evangélicos ocupam cinco cadeiras na Assembléia Legislativa, seis na Câmara dos Deputados e quatro na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Maior representante do segmento religioso no estado, a Quadrangular, que tem cerca de 520 mil adeptos em Minas Gerais, já contabiliza pelo menos 70 candidatos a vereador e três a vice-prefeito nas eleições de outubro. “A igreja passa a orientação que, a exemplo dos outros profissionais, os pastores também devem concorrer a cargos públicos se entenderem que têm a vocação política. Não é por ser um pastor que alguém não poderá disputar as eleições”, alegou o secretário de Cidadania e Missões da Igreja Quadrangular, pastor Antônio Carlos de Morais.

Segundo ele, a igreja elegeu 28 parlamentares nas eleições de 2004, sendo dois deles em Belo Horizonte. Para garantir que sejam mantidas as atuais e conquistadas novas vagas, os representantes da Quadrangular farão campanha pelos candidatos junto aos seus fiéis. Uma posição diferente será adotada pela Igreja Universal do Reino de Deus. Ao contrário das eleições anteriores, este ano a igreja não vai entrar nas campanhas eleitorais, embora incentive seus pastores e fiéis a disputar cargos eletivos.

“A igreja estimula seus membros a fazer uma escolha com consciência, que vote naqueles que tenham comprometimento com a cidade, com as pessoas, a família e a vida. Mas a nova política interna é dar mais liberdade aos fiéis”, contou o pastor Carlos Henrique, que é vereador na capital. A Universal tem hoje cerca de 200 mil fiéis em Minas Gerais, dos quais 50 mil somente em Belo Horizonte. Em todo o estado, são cerca de 20 vereadores.

ESPIRITUAL Embora não proíba os pastores de disputar as eleições, a Convenção Batista Mineira, que agrega 665 igrejas em todo o estado, prefere não estimular seus líderes a concorrerem a cargos políticos. “A função deles (dos pastores) é mais espiritual. E sendo político, ele ainda pode ter conflitos na igreja por causa de divergências partidárias. Mas não proibimos aqueles pastores que querem ser candidatos”, explica o diretor-executivo da convenção, pastor José René Toledo.

A Convenção Batista agrega cerca de 72 mil fiéis em todo o estado, e atualmente tem entre sues fiéis 10 prefeitos, 6 vices-prefeitos e 40 vereadores. Institucionalmente, o grupo não vai fazer campanha explícita para nenhum candidato nestas eleições. Mas cada igreja, que funciona como um órgão autônomo, poderá definir como vai ser o tratamento a seu candidato, e inclusive permitir que as eleições sejam tema dos cultos evangélicos.

Deu na imprensa!

Aliança à revelia do PT - Estado de Minas
Aécio Neves reafirma que ele e Fernando Pimentel estarão juntos na campanha para eleger chapa com socialista e petista e ameniza importância do aval da cúpula nacional dos partidos

O governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), resolveram posar juntos ontem, após encontro reservado no Palácio das Mangabeiras. A convocação da imprensa para registrar o encontro deixou os envolvidos no processo de successão da capital intrigados. A expectativa era que os dois anunciassem alguma decisão sobre o imbróglio envolvendo a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, o que não aconteceu. No entanto, o governador afirmou mais uma vez que ele e o prefeito “estarão juntos para eleger esta chapa encabeçada pelo ex-secretário Marcio Lacerda (PSB) e tendo como vice o deputado estadual Roberto Carvalho (PT)”.


Indagado se essa declaração era um sinal de que o PSDB aceitará participar informalmente da aliança na disputa pela prefeitura da capital, já que a direção nacional do PT decidiu pela não inclusão dos tucanos na chapa, o governador desconversou. “Se é o PSDB, se é o PT, se não é nenhum dos dois, isso não é importante para nós”, afirmou Aécio sobre a possibilidade de uma das legendas ficar oficialmente de fora. “Mas o que posso garantir é que vocês verão essa mesma cena, o prefeito da capital ao lado do governador do estado, olhando para frente”. De acordo com Aécio, a decisão final sobre a sucessão é uma questão interna dos partidos. “Se é dessa ou daquela forma, informal ou formal, são coisas que os partidos é quem vão ter de decidir”.

A reunião de última hora entre Aécio e Pimentel aconteceu no início da tarde, após um café da manhã entre o prefeito e representantes de vários estados da bancada federal petista, em Brasília. Ele foi organizado de última hora pelo deputado federal Miguel Correia, um dos apoiadores da participação formal dos tucanos na dobradinha PSB/PT. Para alguns petistas, a fala do prefeito na conversa com a bancada foi em tom de despedida do partido. Para outros, foi apenas um balanço das gestões feitas por ele para viabilizar a inédita aliança.

Miguel Correia disse que o objetivo do encontro era agradecer o apoio da bancada petista em Brasília que, segundo ele, independentemente do estado, é majoritariamente favorável à aliança com o PSDB na disputa pela capital mineira, maior cidade governada atualmente pelo partido. “Também é uma tentativa do prefeito de ter uma maior inserção junto à bancada e o Diretório Nacional”.

JOGO A possibilidade de Pimentel deixar o PT ou pedir um afastamento temporário da legenda para se engajar na campanha de Lacerda foi descartada pelo próprio prefeito. “Isso não existe (possibilidade de deixar a legenda). Até que tem muita torcida para isso, mas eu me sinto amplamente contemplado dentro do PT”. O prefeito disse que o motivo do encontro foi discutir o jogo entre o Brasil e Argentina na quarta-feira, no Mineirão, principalmente o trânsito. Segundo ele, o “jogo vai envolver uma operação de trânsito muito complicada”.

No sábado, o Diretório Municipal do PT se reúne para dizer oficialmente que a decisão da direção nacional será acatada. Os contrários à participação dos tucanos na chapa vão tentar aprovar um requerimento estabelecendo prazo para que o PSB decida se fica formalmente com o PT ou com o PSDB na chapa.

De acordo com o ex-deputado estadual Rogério Corrêa, que na semana passada deixou o cargo de delegado do Ministério de Desenvolvimento Agrário para disputar a prefeitura caso seja necessário, o temor do partido é que o PSB deixe essa decisão para última hora, inviabilizando qualquer outro plano do partido.