quarta-feira, 4 de junho de 2008

O sucesso de Lula

Por Marcos Coimbra
Lula está no melhor momento de seus seis anos à frente do governo, acima até dos resultados que alcançava no início do primeiro mandato

O mistério permanece e só aumenta, a cada nova pesquisa de avaliação do governo que sai na imprensa. Como é possível a Lula alcançar esses números, em um país com os problemas que temos e perante as gravíssimas condições de vida da maioria da população? Estradas ruins, crise na segurança, imensas dificuldades para obter cuidados de saúde, educação pública de baixa qualidade, salários aquém dos recebidos em lugares parecidos com o Brasil, volta e meia um escândalo? Nada parece afetar a popularidade presidencial.

Quando pessoas mais maduras, que se lembram de outros momentos de nossa história, com informação sobre o que está acontecendo dentro e fora do país, se encontram, a pergunta sempre volta: como é que Lula consegue isso? Até quando vai continuar surfando, acima de tudo e de todos? Onde se sustenta tanta aprovação?

A primeira resposta, especialmente entre quem não morre de amores por ele, é dizer que o Bolsa-Família está na sua raiz. A tese tem muito de depreciação, como se quisesse dizer que, com o programa, Lula “compra” o apoio que possui, pagando, aliás, um preço camarada. Com as “migalhas” que custa, o Bolsa-Família sai-lhe barata.

A mais recente pesquisa nacional feita pela Vox Populi, concluída em meados de maio, permite dimensionar algumas dessas questões. Como outras feitas recentemente, ela mostrou que Lula está no melhor momento de seus seis anos à frente do governo, acima até dos resultados que alcançava no início do primeiro mandato, antes dos problemas subseqüentes e do desgaste que todos esperavam.

Na tabela, a seguir, podemos ver, na primeira coluna, os números da avaliação do desempenho de Lula à frente do governo, no conjunto da amostra. No total da população, alcança 55% na soma de “ótimo” e “bom”, com mais 33% dizendo que é “regular”. Restam 11%, que entendem que é “ruim” ou “péssimo”.

Consideremos, agora, as diferenças de acordo com o tipo de relacionamento do entrevistado com o Bolsa- Família. Para isso, vejamos três segmentos: pessoas que têm relação “direta” (recebem ou vivem em domicílio onde alguém é beneficiário), “indireta” (pessoas que têm parentes que não residem no domicílio, vizinhos ou amigos que recebem) e pessoas “sem relação” com o programa.

É nítida a melhora das avaliações à medida que se intensifica a relação do entrevistado com o Bolsa-Família. Se compararmos aqueles que são beneficiários diretos com quem não recebe e não tem relação com ela, vemos uma diferença de quase 25 pontos percentuais nas avaliações positivas. Parece que podemos dizer, sem medo de errar, que Lula colhe dividendos da popularidade do programa.

Mas é também verdade que mesmo quem não tem relação, nem direta, nem indireta, com o Bolsa-Família, aprova o governo, com números bem superiores ao que alcançavam seus antecessores. O programa ajuda a explicar os resultados das pesquisas, mas está longe de ser a única (ou a melhor) razão da popularidade do presidente.






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